Cheguei nos 30

 

O errado deu certo, o que era certo deu errado

Eu cheguei num ponto da minha vida que nem se eu pensasse em todas as possibilidades há 10 anos atrás, eu não chegaria. Há um tempo atrás eu achava que iria me formar na faculdade e seguir a carreira coorporativa, fazer mestrado, e aos 30 eu estaria bem encaminhado para um cargo de gerência de uma grande empresa, e até cheguei a tentar, mas um certo dia desisti.

Um dia estava indo trabalhar e fiquei olhando pela janela do ônibus, vendo várias pessoas chegando nos pontos de ônibus para fazer o mesmo que eu, e comecei a pensar que

muitas daquelas pessoas nem estavam favam fazendo o que gostavam, acordando cedo pra ocupar um cargo que no fim das contas não nos faz sentir-se completos ou realizados, parte de algo, e comecei a me sentir assim, angustiado e arrependido. Até gostava de onde trabalhava, um ambiente sensacional com pessoas super educadas, mas me faltava algo: realização.

Hoje trabalho com duas coisas que achava inimaginável, sou professor e artista, e a crise atual me tirou o direito de exercer as duas coisas que me fazem sentir-se completo, parte de algo, realizado. Nunca quis ser professor, até assumir uma turma como voluntário, e hoje todos os meus planos passam pela possibilidade de lecionar. Você não sabe o quanto me sinto orgulhoso e importante em transmitir meu conhecimento, e aprender cada vez mais com meus alunos. Sou extremamente grato a todos os elogios, eles me fazem querer ser sempre um profissional melhor.

E a arte? Inimaginável! Tocar meu violão e fazer humor são os meus maiores prazeres em vida, mas fazer dinheiro com isso em Natal é tão difícil que as pessoas sequer enxergam como uma profissão, e o direito de exerce-la até me foi negado. Até penso que ninguém em sã consciência pensaria “eu quero viver como artista”, por isso nos chamam de loucos. Hoje 90% de todas as minhas apresentações são chances criadas por mim, arduamente e a duras penas, mas me vitimizar? Jamais! Isso fica para os covardes, vou fazendo meu espaço mostrando minha força e meu talento, se der errado, pelo menos não morrerei entalado com a sensação do “como seria se eu tentasse?” Isso sim é resistência.

Esse post definitivamente não foi bem humorado, mas nem só de humor vive o homem, e sim também de toda crise existencial que a vida nos proporciona.

 

Segue a vida e me segue

Mykael Sales

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