Como dizem os crentes: é do demônio
Se você habita em terras
tupiniquins e pelo menos uma vez em 2019 saiu nem que seja pra comprar pão na
balança adulterada da padaria da esquina, já trombou com um adolescente em
ações deveras suspeitas, como se estivesse imitando um cachorro no cio
dançando sem música.
A nova onda da juventude do momento
é andar nas ruas desferindo fortes golpes de karatê na virilha, e depois dizem
que funk não faz apologia à violência (polemizei). É tanta violência em uma só
coreografia, que dançar meia hora de brega funk deveria ser uma prova da baleia
azul. Pra ilustrar melhor a coreografia, imagine que a sua virilha está
queimando e as palmas das suas mãos estão feridas, e movimente sua pélvis para
frente e para trás, isso faz com que o vento ajude. Pronto, agora é só tentar
apagar o fogo.
O passinho dos maloka é um passo de
dança inspirado num novo estilo de funk, porque toda música de funk que o DJ
muda uma virada já pode ser considerado um novo estilo, daí é só repetir essa
mesma batida por horas, mas falaremos da riqueza musical mais adiante.
O que mais me impressiona é a força
encantadora que essa música tem, porque ela não só tem o poder de ficar na sua
cabeça, ela adentra seu interior (barulho de gemido), e toma o controle do seu
cérebro. Ela controla todas as suas ações, está acima de suas vontades... é
tipo um casamento.
Se a dança é boa, a música é melhor
ainda. É inclusiva, só tem uma batida, então qualquer recém-nascido consegue
fazer; e anima a terceira idade, geralmente as músicas possuem no máximo duas ou três frases, até velhinho com Alzheimer aprende de primeira. Pra criar uma letra é
simples, mas segue um padrão rigoroso de qualidade, pois pra ser um brega funk
tem que ter as seguintes palavras em suas composições: novinha, quica, senta,
movimento, ritmo, catucada, socar e mexer. Inclusive você pode fazer várias músicas só com essas
palavras, é só trocar a ordem e a putaria é liberada. Na verdade nem é liberada, é necessária. Brega funk sem putaria é tipo amor sem beijinho, bochecha sem Claudinho.
Mais um detalhe importante: se você
tiver uma voz bonita desista desse ramo milionário e se contente com os R$
150,00 por noite do barzinho. Pra o brega funk só pode cantar quem
aparentemente removeu a traqueia ou quem dubla propaganda de carro de
pipoqueiro. Por isso, meu sonho de verdade seria ver o melhor artista do brega funk,
o fenômeno, a voz do estilo, o Roberto Carlos juvenil, o Pelé do passinho, o
grandioso Happy Feet.
#HappyFeetCantaBregaFunk S2

Nenhum comentário:
Postar um comentário