terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Passinho dos maloka

Como dizem os crentes: é do demônio

Se você habita em terras tupiniquins e pelo menos uma vez em 2019 saiu nem que seja pra comprar pão na balança adulterada da padaria da esquina, já trombou com um adolescente em ações deveras suspeitas, como se estivesse imitando um cachorro no cio dançando sem música.

A nova onda da juventude do momento é andar nas ruas desferindo fortes golpes de karatê na virilha, e depois dizem que funk não faz apologia à violência (polemizei). É tanta violência em uma só coreografia, que dançar meia hora de brega funk deveria ser uma prova da baleia azul. Pra ilustrar melhor a coreografia, imagine que a sua virilha está queimando e as palmas das suas mãos estão feridas, e movimente sua pélvis para frente e para trás, isso faz com que o vento ajude. Pronto, agora é só tentar apagar o fogo.

O passinho dos maloka é um passo de dança inspirado num novo estilo de funk, porque toda música de funk que o DJ muda uma virada já pode ser considerado um novo estilo, daí é só repetir essa mesma batida por horas, mas falaremos da riqueza musical mais adiante.

O que mais me impressiona é a força encantadora que essa música tem, porque ela não só tem o poder de ficar na sua cabeça, ela adentra seu interior (barulho de gemido), e toma o controle do seu cérebro. Ela controla todas as suas ações, está acima de suas vontades... é tipo um casamento.

Se a dança é boa, a música é melhor ainda. É inclusiva, só tem uma batida, então qualquer recém-nascido consegue fazer; e anima a terceira idade, geralmente as músicas possuem no máximo duas ou três frases, até velhinho com Alzheimer aprende de primeira. Pra criar uma letra é simples, mas segue um padrão rigoroso de qualidade, pois pra ser um brega funk tem que ter as seguintes palavras em suas composições: novinha, quica, senta, movimento, ritmo, catucada, socar e mexer. Inclusive você pode fazer várias músicas só com essas palavras, é só trocar a ordem e a putaria é liberada. Na verdade nem é liberada, é necessária. Brega funk sem putaria é tipo amor sem beijinho, bochecha sem Claudinho.

Mais um detalhe importante: se você tiver uma voz bonita desista desse ramo milionário e se contente com os R$ 150,00 por noite do barzinho. Pra o brega funk só pode cantar quem aparentemente removeu a traqueia ou quem dubla propaganda de carro de pipoqueiro. Por isso, meu sonho de verdade seria ver o melhor artista do brega funk, o fenômeno, a voz do estilo, o Roberto Carlos juvenil, o Pelé do passinho, o grandioso Happy Feet.

#HappyFeetCantaBregaFunk S2

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