terça-feira, 17 de março de 2020

Me apresentei em um teatro

Mais um estágio desbloqueado

Desde que me foram abertas as portas para a droga lícita viciante, o mundo do stand up, eu me imagino no palco de um teatro como atração principal da noite, estando ele lotado de pessoas gritando meu nome, e com isso eu vejo que está na hora de maneirar no ácido.

Acho que este é o melhor cenário possível para um comediante, um teatro com as pessoas ali te assistindo. Claro que curto fazer show em bar, mas no teatro você não concorre a atenção do público com nada, nem com cerveja, nem com petisco e nem com narguilé (fuma que tá na moda). Eu não tenho essa atenção dede a última vez em que fui pego de madrugada pelo camburão da PM enquanto corria numa avenida escura (não entendi porque eles acharam essa atitude suspeita).

O teatro não estava lotado, o show também não era meu, e as pessoas que me conheciam cabiam na mão de um porco: o contratante e minha esposa. Acho que nem cabe chamar o cara de contratante porque era um show beneficente e claro que não cobrei meu cachê de um quilo de arroz. Eu fui mesmo pra fazer o bem e pra bater uma meta minha de dizer “acende a luz da plateia”, e depois dizer “apaga a luz da plateia”, e depois dizer “acende a luz da plateia”, e depois dizer “apaga a luz da plateia”. Isso eu fiz numa perfeição adquirida de horas treinando. Nota 10 nesse quesito.

Pior que não ser conhecido por ninguém do público foi ter que fazer um show onde boa parte era de adolescentes organizados do lado direito que não paravam de me chamar de lindo e dizer que sabiam beijar na boca. Nessas horas eu sentia uma conselheira tutelar bater com o ECA na minha cara antes mesmo de minhas respostas.

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